Rita
162 reviews
"Em criança não nos despedimos dos lugares. Pensamos que voltamos sempre. Acreditamos que nunca é a última vez." Há qualquer coisa na escrita de Mia Couto que nos embala. Em todos os livros do autor que li experimentei uma sensação espectacular, senti que o livro me aconchegava, como se tivesse braços e me envolvesse nele. É isto que a escrita poética do autor nos faz, fala-nos de dor, de mágoa e da morte, temáticas fortes que nos esmagam e nos fazem tremer, mas sabemos que o autor está lá para nos amparar. Quem já leu Mia Couto sabe certamente do que falo. Em "Jesusalém" o autor retrata um sentimento de dor muito específico que toca a todo o ser humano, a dor de quem sofreu e não consegue esquecer. A narrativa que o autor constrói é soberba, muito devido às personagens e à escrita. Mia Couto consegue fascinar-nos com “pouco”, não há cá histórias fantásticas nem finais arrebatadores, há toda uma escrita maravilhosa aliada a personagens que nos tocam o coração. Temos um pai, Silvestre Vitalício, que acredita ter esquecido tudo, o filho Mwanito, um rapaz que tem "inclinação para não falar, um talento para apurar silêncios" e que vive na mentira do pai, seu irmão mais velho Ntunzi, a portuguesa Marta que foi para África procurar o marido. Estas e outras personagens passam por aquele pedaço de terra abandonado em Moçambique. "Eis a lição que aprendi em Jesusalém: a vida não foi feita para ser pouca e breve. E o mundo não foi feito para ter medida." Mas há mais, Mia Couto transforma este romance num elogio às mulheres. Mas como se Jesusalém é uma terra habitada apenas por homens? Como se quase não encontramos personagens femininas nesta obra? É caso para dizer que a ausência de mulheres torna a sua presença ainda mais forte. Para saberem mais terão de ler. Não é por acaso que este título faz parte da Colecção Essencial - Livros RTP, como também não é acidental que o livro tenha sido publicado em vários países e traduzido em diversas línguas. Deixem-se "acolher" por Jesusalém e pela prosa poética de Mia Couto, é impossível ficar indiferente. Opinião no blog:
http://clarocomoaagua.blogs.sapo.pt/o...
- 2016 autores-lusófonos origem-comprados
Teresa
1,492 reviews
"Não chegamos realmente a viver durante a maior parte da nossa vida. Desperdiçamos-nos numa espraiada letargia a que, para nosso próprio engano e consolo, chamamos existência. No resto, vamos vagamuleando, acesos apenas por breves intermitências." Li este livro com serenidade e encantamento, como se embalada por uma canção de ninar… Embora as personagens e o lugar me tivessem encantado, o meu maior fascínio, durante a leitura deste livro, foram as palavras de Mia Couto e a forma única que ele tem de as encadear e proporcionar-nos uma experiência maravilhosa.
Mia Couto, na sua peculiar forma de “falar” – doce, mágica, poética – conta-nos uma linda história de amor, crescimento, culpa, desencontros, desencantos,...
Inventa personagens que nos tocam o coração:
O velho pai, mergulhado em dor e remorso;
O menino que cultivava silêncios e único consolo do seu pai;
A portuguesa que procura o seu amado, perdido de amores em África, por África...;
O velho soldado, que sempre lutou no lado errado.
Jerusalém, uma antiga coutada de caça em Moçambique, na qual Silvestre se refugia com os dois filhos e um criado. Uma terra, onde as leis eram ditadas por Silvestre e na qual não entravam mulheres: "A primeira vez que vi uma mulher tinha onze anos e me surpreendi subitamente tão desarmado que desabei em lágrimas."
- e4 n-mocambique
Alma
703 reviews
"Todas as manhãs, nosso velho inspeccionava-nos os olhos, espreitando bem dentro das nossas pupilas. Queria confirmar se havíamos assistido ao nascer do Sol. Essa era a primeira obrigação dos viventes: ver emergir o astro criador. Pela luz que guardávamos nos olhos, Silvestre Vitalício sabia quando mentíamos e nos deixáramos tempo demasiado entre os lençóis. "Não gosto de antiguar os tempos. Minha cabeça é de curto alcance." "Quem quer a eternidade olha o céu, quem quer o momento olha a nuvem."
- Essa pupila está cheia de noite."
- 5-estrelas-é-curto-2020 kr menos-de-200
Susana
519 reviews161 followers
Um dos livros mais bonitos que já li e o melhor de Mia Couto até agora. Poesia em cada página (e não estou a falar dos poemas citados no início de cada capítulo), nos diálogos, nos pensamentos, poesia da boa, daquela que se entranha, que se lê sem ser preciso esforço para perceber. Altamente recomendável para todos os que gostam de apreciar cada palavra dum livro bem escrito, neste caso maravilhosamente escrito.
- 2011 emprestados favorites
Ana Carvalheira
253 reviews68 followers
“Não chegamos a viver a maior parte da nossa vida. Desperdiçamo-nos numa espraiada letargia a que, para nosso próprio engano e consolo, chamamos existência. No resto, vamos vagalumeando, acesos apenas por breves intermitências”. Foi, mais uma, das narrativas mais incríveis a que pude ter acesso. Durante anos, não considerei Mia Couto como um autor apetecível e hoje sinto a necessidade de fazer um ato de contrição. “Por minha culpa, minha máxima culpa … “. Sabem quando a poesia e prosa se misturam? Quando temos a possibilidade de compreender o sentido estético ainda assim acabrunhado pelo sentido real das situações? Pois é! Esse, para mim, consiste no maior legado de “Jesusalém”. Jesusalém: local inóspito batizado pela personagem principal deste enredo. Local de renúncia, de tristeza, de abandono, de esquecimento: “Todo o silêncio é música em estado de gravidez”. É assim que a narrativa começa. SILÊNCIO!! Para (tentar) combater que graves situações que a vida colocou a Silvestre – nome que não sendo o seu adotou - e aos seus filhos Ntunzi e Mwanito, o primeiro decide contruir uma espécie de refúgio (Jesusalém), local onde “Jesus haveria de se descrucificar” (espetacular a metáfora!). Mas Jesusalém enforma também um local onde os medos de Silvestre encorpam: “Durante muitos anos, alimentei feras pensando que eram animais de estimação”. Essa aceção está profundamente relacionada com a sua mulher Dordalma que, logo de princípio, percebemos que falecera. É evidente que o viúvo traz uma carga intensamente dramática pela perda; apenas o compreenderemos quase no final da narrativa. Agora, gostava de apenas de citar momentos sublimes deste Jesusalém e que tanto me ajudaram a compreender não só a narrativa, mas a condição humana, quando humilhada, quando perecível às determinações do destino, dentro do seu pathos. “O sonho é uma conversa com os mortos, uma viagem ao país das almas”. Para aqueles que sonham com as suas ausências, apenas posso qualificar esta aforismo como: fabuloso!! Desajustado da dolorosa realidade, Silvestre crê que “não foi o mundo que faleceu. Nós é que morremos”. Acreditando que Deus é que deveria pedir desculpas – acho notável essa perceção – os filhos de Silvestre percecionavam que ele – seu pai - era o único Deus que lhes cabia. “As mulheres são todas umas putas” – afirma Silvestre tendo interditado o tema mulher em Jesusalém – “nunca lhe tínhamos escutado tal palavra. Mas foi como se tivesse desatado um nó. A partir de então, o termo “puta” passou a ser, entre nós, outra forma de dizer “mulher”. “Sou macho, mas sangro como as mulheres”, considera Silvestre nos seus devaneios. Sabemos, desde o início, que Silvestre não resolvera qualquer questão relacionada com a morte da sua mulher Dordalma:” os mortos não morrem quando deixam de viver, mas quando os votamos ao esquecimento”. Era apenas isso que Silvestre pretendia: o olvido. Para os filhos, o pai tinha sido “um bom contador de histórias. Agora é uma história mal contada”. A jumenta Jezibela transporta-nos para os momentos mais hilariantes de um drama familiar, assim como o apreciamento de Marta - um dos momentos mais dramáticos:” A primeira vez que vi uma mulher tinha onze anos e me surpreendi tão desarmado que desabei em lágrimas”. Marta constituiria a osmose de uma mãe, desaparecida no seu contexto físico, perpetuada por uma ligação emocional. E o capítulo destinado a essa estrangeira que, de repente, surge em Jeusalém, será um dos pontos altos da narrativa. Muito mais haveria a dizer, tendo em conta que “Jesusalém” consistiu num dos livros mais significativos que li este ano. É lindo, comovente, extraordinário na assunção dos pressupostos em que desperdiçamos vidas, sempre tendo em conta em que sempre seremos habitantes de Jesusalém: “Porque sou como os habitantes de Jesusalém. Não tenho saudade, não tenho memória: meu ventre nunca gerou vida, meu sangue não se abriu em outro corpo. É assim que envelheço: evaporada em mim, véu esquecido num bando de igreja”. "Aquilo que chamam 'morrer', não é senão acabar de viver e o que chamam "nascer" é começar a morrer. E aquilo que chamam "viver" é morrer vivendo. Não esperamos pela morte: vivemos com ela perpetuamente" - Jean Baudrillard
Segundo Silvestre, numa das suas lamentações, “Velhice não é idade: é um cansaço. Quando ficamos velhos, todas as pessoas parecem iguais”, acrescentando que “a vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado”. Brutal!
Tijana
861 reviews254 followers
Read
August 24, 2017Isusalim je jedna od tih knjiga koje mogu da cenim a da mi izrazito nisu drage. Napisano je sjajno, zgusnutim i često gnomskim lirskim stilom, sve je brižljivo promišljeno, i reference na razne savremene teme i univerzalnost osnovnih motiva, i suprotstavljenost muškog i ženskog načela je (iako meni stvarno malo anahrona) izvedena srazmerno uverljivo, i mnogo mi se svideo koncept po kome svako poglavlje ima moto izvučen iz dela jedne od četiri pesnikinje koje kod nas (avaj) totalno nisu dovoljno poznate, ali me u suštini roman ostavio hladnom osim onda kad bi me zgadio, što se desilo dobra dva puta. Ako ste nežna čitalačka duša možda ovo nije baš za vas, pa razmislite.
A inače je Isusalim o ocu koji odvede svoja dva mala sina u neku nedođiju i onda za njih i sebe napravi mali, privatni, intimni pakao. Porodični razlozi koji se za to naziru (i koji nam se kasnije saopštavaju), kao i zapisi jedinog ženskog lika koji dopada tog pakla, sve vreme titraju na granici magijskog realizma afričkog tipa, a opet su, kad se lirika sljušti s njih, savremeno realistični i depresivni. Poželi čovek da se umesto toga lepo posvetio poeziji Sofije de Melo ili Hilde Hilst, ali za to bi ipak trebalo naučiti portugalski.
Celeste Corrêa
373 reviews255 followers
«Jesusalém» é um livro que retrata numa linguagem poética e bonita, o português de Moçambique, o mais violento e cego dos desejos humanos: o desejo de esquecer. Mas, como diz uma das personagens: «Não se pode esquecer tudo tanto tempo. Não existe viagem assim tão longa…»
Ritinha
712 reviews134 followers
Há escritores que, independentemente da qualidade da narrativa e unicamente à luz do que escrevem enquanto objecto interpretativo, sabemos serem pedaços velhacos de humanidade lá nas suas almas. Outros há nos antípodas desta conclusão: de quem nada se sabendo a título pessoal, se antecipa que a humanidade subjacente àquela escrita seja intrinsecamente boa.
Mia Couto afigura-se subsumível a esta segunda categoria. Ler o que escreve embala e lava a alma. Não é todos os dias que um segmento sobre actos misóginos e violentos surge descrito de forma pura, desarmante e poética sem cair em clichés. Parece mais do mesmo para quem já o conheça. Mas mais do mesmo é marca d'água de uma autoria única e particular. Como diria o próprio, da humanidade individual de uma escrita (eu gosto de fingir que percebi as coisas e até sei como o autor escreveria sobre elas; é mentira que tenha esta capacidade; mas fingi-la sabe demasiado bem para me negar a isso).
Para livro com lugar imaginário habitado exclusivamente por homens, «Jesusalém» tem uma tríade de personagens femininas fortes mas densas, como raras vezes se encontram numa escrita masculina.
Owlseyes
1,755 reviews284 followers
NEWS: 4 African authors among Man Booker prize finalists*** ;..." The African writers are Mia Couto of Mozambique, Marlene van Niekerk of South Africa, Ibrahim al-Koni of Libya and Alain Mabanckou of the Republic of Congo." No! in the above photo:... he's not the 11-year-old Mwanito; the main character of Mia's book. But, who knows?... Mwanito had been, in a way, "abducted" by his father Silverio. Mother had died, they were living in a city.... Ntunzi burns inside: he accuses father Silvério of murdering mother Dordalma [Soul's pain]. Until one day arrives a Portuguese white woman -Marta- to the place they're in: Jesusalém. A once-choral-maestro, a lover of accordion, Silverio took the decision of leaving civilization. He went along with his two sons and two other men: Zacaria and an uncle of the kids. Jesusalém [Beyond Jesus?] is the spot where they'll stay. Silverio makes a cross at the entry of the place and a poster with the words: "Welcome Sir God". He hopes one day God will visit them...to say: "sorry". Yes, Silverio is remorse-ridden, something happened that justifies his leave. Uncle tells the kids: "your father is very psychological". Ntunzi harbors a lot of hate towards his father: he committed a crime. Father quit praying. He took care of his children but without tenderness. Father forbade prayer because that was the equivalent to calling "visitations"....angels and demons; "here nobody prays". Crying was forbidden too. Father believed God existed for men to blame him for their sins. They are in a place nearby a river, with bush and a few animals. And a mule: Jezibela: a tobacoo chewer. Father changed their names, and his own, when arriving. He was once Mateus Ventura, now he's Silverio Vitalício; Uncle was once Orlando Macara. Ntunzi was once Orlindo Ventura...and Zacaria was previously Ernestinho Sobra, a former colonial commando. They all changed names, but Mwanito,... the narrator. Mwanito has no memories of his mother. He's got only feelings of guilt for being born: he believes mother died because: "she separated her body from mine". He wanted to learn how to read and write. Zaca told him: "...learn it by yourself!". So he started by war "recipes"...and Russian stickers. And managed well in learning: "the war stole from us memories and hopes, but, strangely, it was war that taught me to read". "Writing gave me back my mother's lost face". Education.Father used to ask kids:"did you hug the earth?"...by day's end. And in the morning, checked on their kids' eyes...and asked: "did you see the sunrise?". Ntunzi [whose name means "shadow"] had memories of Dordalma...but he faints: he's a "burnt soul"...he's got "too much soul".One day Ntunzi tried to leave but a spell prevented him from escaping; it was "an evil eye"...and he got tired and sick. Ntunzi convulses... father says: "too much soul disease caught in the city". Father spanked Ntunzi. Ntunzi wished his father's death. Mwani once asked his father to sleep nearby in his bedroom, but father replied: "only in cemeteries people sleep together". The mule breeds a zebra. Silverio kills the offspring, out of "pure" jealousy...and prays. The Outside world. Uncle once came with news: "the president* [of Mozambique] died! (in an accident)". Silverio replied: he had already died! Zaca: "he was shot!! bastards!". Uncle-by-Proxy, as he was called, was a timid fat man. He's got memories of mother that delight Mwanito. Dordalma was the most beautiful woman...daughter of a "mulato" from Muchatazin. The Uncle recalls Silverio and Dordalma, when together: "they were like wind and sail"...and then she got claustered, shut up and sad...."your father is a good man: an angel who doesn't know where God is". Uncle used to bring food and remedies and clothing to their place. Zacaria, the commando, got disturbed by thunder and...blood; "it makes me be a woman", he explained to the kids...while they were hunting the antelope Imbala. The soldier never separated from bullets (some still lodged in his body); yet, he doesn't recall the ongoing war, the war with Ian Smith or the colonial war**. "I have only animal wisdom". Zacaria slept on trees because he was afraid of the ground. In nights without moon, Zacaria fired at the sky:" I am making stars, holes in the sky". There's an old house nearby where the "last Portuguese died", but that's forbidden territory. It's a cursed place. Nevertheless, one day Mwanito thinks he's found a corpse there. That's when Marta arrived....a tall Portuguese woman. She came to Mozambique looking for her missing husband: Marcelo. Mwanito develops a new relation ("Marta was my second mother"); he inspects her papers....he reads her thoughts:" I am like the inhabitants of Jesusalém"...I am like the savannah: I burn to live". The arrival of Marta disturbes deeply father Silverio. He's desperate. He wants her dead. He needs a silence. So he orders them all to leave: "you're no longer my children!...from now on I am the President of Jesusalém...a young independent nation! martial law has been imposed due to colonial powers interference". Marta tells Silverio his madness is due to: "you didn't say farewel to the diseased one...I will leave Jesusalém". The Mule died. Silverio burried it...and got bitten by a serpent. He must get to a hospital. Everybody leaves Jesusalém. Now they're all back in their previous house in the city. Father has changed somehow and tells son Mwanito: "I am worried about you, you've born with a big heart...you can not hate". They will visit the cemetary where Dordalma is burried. Mwanito is 16 years old...and lives with Silverio. Zacaria and Ntunzi left. Marta sends him a letter about what happened to Dordalma: how she died. Now he understands. He has changed his ways and tells father:"I can go to sleep: I have embraced the earth". He thinks all's not over: now he's got Noci... *On October 19, 1986 Samora Machel was on his way back from an international meeting in Lusaka, Zambia, in the presidential Tupolev Tu-134 aircraft, when the plane crashed in the Lebombo Mountains, near Mbuzini, South-Africa. There were ten survivors, but President Machel and thirty-three others died, including ministers and officials of the Mozambique government. **Mozambique became independent in 1975, and became the People's Republic of Mozambique shortly thereafter. It was the scene of an intense civil war lasting from 1977 to 1992.
The mule is Silverio's beloved animal.
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This is a wonderful, strange story; of course, with African coordinates and ghosts of the past. And yet, through a creative writing (certainly not continental-european Portuguese, the way I am used to) Mia managed well exposing the inner world of the characters, especially through the child mind of Mwanito, but also the female view of Marta. Marta said in her letter to Mwanito:" I return to Portugal without Marcelo-he had been shot in an ambush-...I was well in Jesusalém, I owe it to your father". Marta in her trip to Mozambique got aware of many things. This one for instance: "Black women: they can always be the whole body; we, white women, sometimes are soul, sometimes we are body".
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from Wiki:
In 2007, however, Jacinto Veloso, one of Machel's most unconditional supporters within Frelimo, had sustained in his memoirs that Machel's death was due to a conspiracy between the South African and the Soviet secret services, both of which had reasons to get rid of him.
Rhodesian Bush War;in June 1979, the governments of Cuba and Mozambique offered direct military assistance to the Patriotic Front, but Mugabe and Nkomo declined.
- african mozambique-lit
Loraine
253 reviews18 followers
I am writing this is the warmth of book hangover. I don't want to move on to another book just yet. I want to keep feeling this one a bit longer.
At first I struggled, deliberate, wanting to enjoy it. I had so loved the author in interview that I wanted to love this book. It was not working. I could not get a handle, could not hear a voice. I began to think that his world was shut to me, that I could not be transported into his book through an English translation. Then, somewhere around 40% it became wonderful.
Easiest to explain is that I love the images, many of them. I highlighted many passages that might bring me back. The writing is very beautiful.
Harder to explain is the depth of this novel. I don't like metaphors in writing. I don't like a book that requires a BA to understand. I hate talking about themes in a book as it seems pretentious. But I felt something important coming through this story, deeper than the surface of it. Many subtle, uncontrived layers that I came to feel and appreciate without looking for them. When a book speaks to me on a level other than entertainment or information it comes to me unrequested and so I receive it as a gift, a very personal gift. I wish for all readers of this book to experience it for themselves as I think it might be a unique gift to each.
A warning however: for me, having a sense of who the author is, and his story, colored the whole experience, without which this could have been just a quaint story set in Africa. But thanks to this privilege, I will remember Mozambique tenderly and with respect. I will remember the women in this book and I will remember seeing women through Mwanitos's eyes; a man's desire but a son's awe.
This is not the last book I will read by Mia Couto.
Paltia
633 reviews105 followers
A dense and colourful story of a father who risks all, time and time again, in his efforts to save himself, his sons, and allies from inner turmoil. He holds an ugly and painful past deep within himself with glimmers of the past, present and future. This begins in a bewitched and timeless place. A father has brought his sons and war weary hunter “friend” to take up residence in an abandoned game reserve. There’s a war going on in Mozambique and with most people fleeing to the city he heads into the interior. It’s only midway, with the arrival of a strange woman, that the story feels like it’s been propelled into the 21st century. Cell phones and computers coexist with women carrying huge bundles of hand washed laundry on their heads. The strange woman, Marta, also seems under a spell.
She’s believes she’s come to Africa to find the husband who abandoned her. Yet what anyone believes in this story isn’t always real. The father sees her as a threat without understanding that larger threats loom on the horizon just outside the gates of his hideaway. “I was waiting for God to come to Jezoosalem, but in the end it’s a bunch of private foreigners that are coming...maybe they are the new gods?” Sometimes the characters have burdens so great all they can do is weep for the pains and worries of the world outside. They speak to the reader about what is usually hidden from our eyes and revealed only in their souls. A story that felt both achingly familiar and with echoes so strange they were almost beyond reach. Mia Couto writes with the profound intuition of a visionary. A strange tale, indeed.
Corrado
138 reviews8 followers
Peço desculpa, mas não gostei. Custou-me muito acabar o livro, acabei por pura teimosia. Gostei apenas de algumas partes muito pequenas, nomeadamente quando chega "a portuguesa" e descreve todas as emoções que o protagonista sente e, da mesma forma, quando chegam à cidade.
O livro está escrito muito bem, vê-se que o escritor dedicou-se muito a escolher cada vez as palavras mais certas. É um estilo muito poético, mas a história, para mim, não faz sentido nenhum e não gostei.
Não percebi sobretudo a personagem do pai, muito provavelmente é porque não conheço bem o contexto do livro, não me consigo identificar com as personagens, não sei.
Não sei a quem aconselharia este livro; outro que me pareceu similar pode ser Educated da Tara Westover, talvez possam ler isso.
João Carlos
660 reviews309 followers
”A vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado.” Depois de ler ”Terra Sonâmbula” (4*) do escritor moçambicano Mia Couto (n. 1955) e ficar fascinado com a sua original e admirável escrita, pretendia regressar ao escritor moçambicano e surge o seu romance ”Jesusalém”.
Mia Couto a comprar bananas numa venda de estrada nos arredores de Maputo - Moçambique (in Expresso - Fotografia António Pedro Ferreira)
”A primeira vez que vi uma mulher tinha onze anos e me surpreendi subitamente tão desarmado que desabei em lágrimas. Eu vivia num ermo habitado apenas por cinco homens. Meu pai dera um nome ao lugarejo. Simplesmente chamado assim: “Jesusalém”. Aquela era a terra onde Jesus haveria de se descrucificar. E pronto, final.” (Pág. 13) – é com esta frase inicial que ficamos a conhecer Mwanito um jovem que é um ”afinador de silêncios”.
O seu pai Silvestre, ironicamente com o sobrenome de Vitalício, “refugia-se” em “Jesusalém” uma vez que ”que o mundo terminara e nós éramos os únicos sobreviventes.”, num território isolado, perdido num país devastado pela guerra.
Mwanito, o narrador, descreve-se: ”Eu nasci para estar calado. Minha única vocação é o silêncio. Foi o meu pai que me explicou: tenho inclinação para não falar, um talento para apurar silêncios. Escrevo bem, silêncios, no plural. Sim, porque não há um único silêncio. E o todo o silêncio é música em estado de gravidez.”. (Pág. 16)
A escrita de Mia Couto transporta-nos para um imaginário alegórico, num contraste magistral entre a dura realidade da vida pós-libertação colonial do domínio português e a dramática guerra civil perpetrada por facções rivais moçambicanas; e a família, conjugando e mantendo a unidade familiar, mesmo que nem todas as personagens tenham efectivos laços familiares e as pessoas “ausentes”, como é o caso de Dordalma, a mãe de Mwanito e de Ntunzi. O drama da perda de quem se ama acaba por descontrolar os comportamentos e as vivências dos que nos estão próximos.
”Viver? Ora, viver é cumprir sonhos, esperar notícias.” (Pág. 24)
”Jesusalém” é um romance de leitura obrigatória, com uma escrita primorosa, genuinamente realista e mística, por vezes, irónica, com personagens inesquecíveis, que nos transportam para os cenários africanos, na especificidade de Moçambique, no período pós-guerra, num retrato de dor e perda, mas igualmente, de esperança e redenção.
”O amor vicia mesmo antes de acontecer. Isso aprendi. Como também aprendi que os sonhos se apuram de tanto se repetirem.” (Pág. 265)
- l2016 lusófonos lusófonos2016
Paulo Hora
42 reviews11 followers
Não sei bem como descrever a voracidade com que li este livro. Em honra ao Mwanito, o afinador de silêncios, não o vou fazer. Jesusalém relata a jornada de uma família que é imensamente unida e disfuncional. Sim, ao mesmo tempo. Como é crescer sem o Mundo à volta, mas com o Mundo todo para nós próprios. É o primeiro livro que leio de Mia Couto e estou completamente convertido. A história desenvolve-se ao ritmo de uma escrita quase poética. Talvez retire o “quase”. Não sei se é uma história esplêndida com uma narrativa de luxo ou uma narrativa esplêndida com uma história de luxo. É maravilhoso.
César Lasso
353 reviews99 followers
Primeiro romance que li do Mia Couto. Sem ser o melhor, encontrei nele o mundo poético e atormentado que fez de mim um fã deste autor. Neste caso, trata da loucura de um homem que o leva a fundar um novo enclave chamado Jesusalém, para onde leva a família, em quase completo isolamento do resto do mundo...
Rita (the_bookthiefgirl)
288 reviews72 followers
“Não chegamos realmente a viver durante a maior parte da nossa vida . Desperdiçámo-nos numa espraiada letargia a que , para nosso próprio engano e consolo, chamamos existência .No resto, vamos vagamuleando , acesos apenas por breves intermitências.” Parecerá suspeito que diga que gostei imenso de “Jesusalém “ , considerado uma das obras -primas do escritor moçambicano Mia Couto. Primeiro , não esperando nada da leitura , fiquei deveras maravilhada com a sua forma de escrever. Mia Couto usa frases simples e empresta -lhes uma nota absolutamente poética , que parece que cada uma delas carrega uma filosofia inata. Frases como “ Quem quer a eternidade olha o céu, quem quer o momento olha a nuvem.” e “A cegueira é o destino de quem se deixa tomar de assalto pela paixão : deixamos de ver quem amamos .” Fãs da poesia, não faltam passagens de poemas de Hilda Hilst e de Sophia de Mello Breyner Andersen. Cada um dos poemas traz uma nota incrível e introdutória aos capítulos , apresentando temas como repressão política e amor. Jesusalém é um local de fuga à realidade, de refúgio . A história é narrada por Mwanito , inicialmente uma criança que mal se lembra da cidade, nunca viu uma mulher e se faz acompanhar apenas pelo irmão Ntunzi, o tio Aproximado, a jumenta Jezibela , o soldado Zacaria e pelo seu pai Silvestre Vitalício. É o pai de Mwanito que se torna a pessoa mais curiosa da narrativa com os seus despotismos , as suas regras pouco usuais , fazendo de Jesusalém, uma terra em nenhures , longe da civilização , um lugar peculiar . O aparecimento de uma bela portuguesa branca , Marta , trará ao de cima questões , pensamentos e hostilidades aos habitantes de Jesusalém. A presença feminina de Dordalma, a mãe falecida de Mwanito , também traz uma nota de dor , sendo a árvore de Jesusalém, assentando raízes em cada um deles. Os pássaros um dia precisam de voar e assim os filhos se desprendem das mãos paternas , partindo para explorar o mundo por si próprios.Mas, se pelo contrário , forem enclausurados , este mundo e esta relação se tornam insuportáveis. Jesusalém é uma história de amor paterno , de identidade , de África pós-guerra colonial , das suas savanas e de refúgio . Uma análise deveras incrível pode também ser lida aqui https://hasempreumlivro.blogspot.com/.... Um livro que se encontra no patamar da literatura lusófona . ❤️
Nuno
86 reviews29 followers
Um excelente livro sobre culpa.
- africana biblioteca
Filipa Ribeiro Ferreira
369 reviews10 followers
Ora bem, o que é que eu posso dizer?… o livro foi escolhido para o clube de leitura Slower, mas não o comecei contrariada, gosto de literatura africana, adoro o Agualusa, a Chimamanda, o Chinua Achebe, não é o 1o livro do Mia Couto que leio, sabia mais ou menos o que me esperava. Mas achei um tédio, sabem?!… achei o pai patético, isolado depois da morte da mulher (assassínio? Suicídio?) com os filhos numa antiga coutada abandonada a que chama Jesusalém, enlouquece, cega, é mordido por uma cobra mas afinal não, muda o nome de todos não se percebe porquê se não os deixa ter contacto com ninguém, o tio que vinha trazer mercadorias não era tio, ninguém era o que aparentava ser, aparece uma portuguesa sem propósito a não ser para explicar uma parte da história que não faz sentido que seja ela a esclarecer… narrativa poética, sim. Frases belíssimas, sim, verdades profundas, também, mas não encontrei um gancho, li tudo em esforço, sem nunca me apetecer saber o que ia acontecer a seguir, sem nunca sentir prazer em passar o meu tempo com estas pessoas. Um desperdício.
Jenny (Reading Envy)
3,876 reviews3,585 followers
I read this book because it was on the list for the 2014 Tournament of Books. Mia Couto is native to Mozambique and writes in Portuguese, so this is a translated novel. Each chapter starts with quotations, most from Portuguese-language poets, many of whom I wish had works translated into English. I think most of the time, the quotes the author selected were my favorite parts of the novel. I'm not sure if I didn't really understand what was going on, or if there wasn't anything to understand. Is it a translation problem, or a writing problem? A small family is living on an abandoned game preserve. The father is trying to create a fantasy where the rest of the world is gone, but it is clear (I'm 97% sure, it's a bit confusing) that he has done something he is running from, and he has fabricated a new land and a new identity as an escape. Even when they travel into a city where I believe people are actually living, you wouldn't know it from the writing. There is a scarcity in the prose that leaves you to fill in a lot of the blanks, but most of the time I didn't want my mind to go where the author wanted it to. Come on, a donkey? Sigh. I wish I could separate the story from the writing, because I think I liked some of the use of language. Then I would realize that he just made a point of beauty after describing a brutally killed animal or an abandoned person and I would question my reaction. "The world ends when we are no longer capable of loving it."
- around-the-world ebooks location-mozambique
l
1,689 reviews
What did I just read? 'This is what these black women have that we can never have: they are always their whole body. [...] While we white women live in a strange state of transhumance: sometimes we are soul, other times we are body' 'For me, Africa wasn't a continent. It was the fear I had of my own sensuality. One thing seemed obvious to me - if I wanted to win back Marcelo, I would have to allow Africa to emerge within me. I needed to give birth to my own African nudity.' '- You're a poet, Marcelo. ????? I understand that these people are characters but if there's never any refutation of their views in the text, and if the character making these remarks ends up revealing the central mystery of the book, then isn't the writer implicitly endorsing her views. Anyway, racism, faux-deep prose, the one female character speaking of her husband in the language of male fantasies [without you, i have no name, i have no voice, you are a true poet, i am nothing, your presence caresses my soul... that whole shtick], and bestiality... it's a nope for me.
- Don't say that again.
- Why?
- Poetry is a mortal illness.'
- 2015 african-lit fedora-intensifies
Elaine
883 reviews443 followers
I really wanted to love this book. It was definitely seductive - a very evocative and unique atmosphere (a deserted game preserve in Mozambique where an oddly assorted family have taken refuge from the outside world, ruled over by a mad and mystical patriarch - a post-colonial Tempest in a way), and some of the writing was beautifully done. I especially liked the snippets of Portuguese poetry (all of it new to me and much of it hauntingly good) that began every chapter. But ultimately, the aphorisms about love and death and memory and forgetting became a little heavy handed for me. The compelling characters (the mad father, in love with a mule, the young boy who has never seen a woman (our Miranda), misshapen and seemingly benovelent Uncle Aproximado) and starkly dramatic plot turns are a little too embroidered with metaphor. I wish that Couto would have let his story speak for itself more. Nonetheless, it's definitely worth the read - especially if like me, you are interested in contemporary African literature but have not read anything from Mozambique.
- 2014
Rita
768 reviews153 followers
ESMAGADOR! Esta é a única única palavra que encontro para definir o meu estado assim que comecei este livro. Assim que começamos o livro, Mia Couto transporta-nos para África, mais propriamente para nenhures, ou melhor para Jesusalém. Enquanto lemos o romance passamos a habitar naquele pedaço de terra abandonado em Moçambique, passamos a ver as paisagens descritas e a sentir os cheiros únicos de um continente mágico. Passamos a fazer parte da história. É um daqueles livros que só lendo se percebe o alcance das palavras.
É poesia em prosa, é brincadeira com as palavras que são quentes e sabem a mel. É fácil de ler mas profundo no sentir.
- favourites n-moçambique s-5
Lιƈíɳια
125 reviews21 followers
É o primeiro livro de Mia couto que leio. Deparei-me com uma narrativa por vezes complexa, bonita e com um estilo poético. Pode-se dividir a história em duas partes a primeira em Jesusalém e a segunda na cidade. O narrador é sempre um menino chamado Mwanito, que desde os três anos vive em reclusão com o seu pai Silvestre, irmão mais velho Ntunzi, o Tio Aproximado e Zacaria um militar. Mwanito acreditava os que vivem em Jesusalém são os únicos vivos, já que ele não tem qualquer recordação do "Lado de Lá".
É uma história bem contada, cheia de sentimentos, culpa e mágoa.
- e-book-2019 leituras-2019
Unickymous
11 reviews2 followers
«Em criança não nos despedimos dos lugares. Pensamos que voltamos sempre. Acreditamos que nunca é a última vez.»
Friederike Knabe
400 reviews173 followers
Mwanito's mature voice recaptures covincingly the innocence of his childhood, his gradual awakening to a life that may be different from the one prescribed by his father, whose trauma and loss keep haunting him. In the tradition of African story telling, Couto's narration moves with ease from realistic depiction of people and scenarios to fantasy, symbolism, mythology and the rich imagination of dreams. Set against the early years of post-Portuguese colonial rule in Mozambique, Couto touches on questions of race and identity, of long held beliefs and traditions, and the uncertainties in the newly independent country. After the sudden death of his wife, Mwanito's distraught father takes his sons and flees the city for an abandoned game reserve far away. For him life as he knew it has ended and, he explains to his sons, "Over There", beyond their camp, the world has seized to exist; it is a total wasteland. He declares the camp an "independent" land, names it "Jezoosalem". Yes, the religious connotation is intended. Following the "renaming ceremony" of place and people, he, now Silvestre, rules "his land" dictatorially, his strict discipline not to be questions. The children live in fear of their father. No books are allowed or anything to do with writing; Mwanito is forbidden to learn: he is to be the Tuner of Silences. "I was born to keep quiet. My only vocation is silence..." he recalls his early experiences. Only he can calm the father's anxieties. The family is accompanied by a raggedly looking ex-soldier who acts as a servant, security guard, hunter for essential meat supplies and, sometimes, friend to Ntunzi, Mwanito's brother. Lastly, there is "Uncle Aproximado", who lives at the edge of the game reserve, far away from the camp. He turns up from time to time to bring other essential supplies from "Over There". His arrival is welcomed by the boys, who also wonder whether he steals, whether the father has escaped a crime, whether there is really a "wasteland" beyond the perimeter they are allowed to explore... Mwanito, too young to remember his mother or anything from "Over There", is a docile and dedicated follower of his father's instructions. However, influenced by his older brother's stories about their mother, Mwanito feels her presence in his vivid dreams, yet cannot define her features. Ntunzi, old enough to have been to school, pressures his younger brother to go against the father's rule and learn to read, one letter at a time. "I already knew how to travel across written letters, as if each one were an endless highway. But I still needed to learn how to dream and to remember. I wanted that boat that took Ntunzi into the arms of our dead mother..." Eventually, after years in isolation, Marta, the woman from the novel's opening sentence appears, inadvertantly disturbing the life of each of the camp's inhabitants and challenging the father's enforced order. Marta's presence is not quite as coincidental as it may seem at first, although some readers might find her involvement with the family and their secrets a bit too convenient. Still, she represents an important new conduit to the world outside, essential for the boys in coming to terms with their understanding of identity and other needs. Mia Couto's writing is engaging, his sense of place evident and with it the description of the abandoned game reserve in the semi-desert environment evocative. I found the story's narrator Mwanito totally believable and in his childhood observations, his dreams, desires and wonderments very endearing. While his father may need him as the Tuner of Silences, the boy is a very astute observer of his surroundings. In his musings his language is gentle, poetic and rich in imagery. Silvestre, the father, by contrast, comes across as a tragic figure. In his inability to communicate, he isolates himself increasingly from his children. Unable to recover from his personal trauma, his clinging to a happier past with pseudo-religious rituals alienates his children and, rather than protecting them from the "wasteland Over There", pushes them towards planning their escape if there is a chance. Given the place and the time frame the novel is set, I sense that Couto while personalizing his story very effectively, his novel also explores the deeper societal traumas and challenges that people in Mozambique have faced in their recent history. For me, this has been a thought provoking read.
"I was eleven years old when I saw a woman for the first time, and I was seized by such sudden surprise that I burst into tears." This opening line pulled me immediately into Mia Couto's novel, The Tuner of Silences; it raised questions for me from the beginning and these didn't let me go til the end. Mwanito, the narrator, reflecting back on the early years of his life, recounts his experiences while living in the company of three men and his slightly older brother in a remote campside in a semi-desert. Couto, an award-winning Mozambican author, has written a novel that is part coming of age story, part family drama and part a kind of love story.
- africa african-lit
Ana
671 reviews146 followers
Opinião completa aqui:
http://osabordosmeuslivros.blogspot.p...
- 2014
Carmen
2,699 reviews
Family, school, other people, they all elect some spark of promise in us, some area in which we may shine. Some are born to sing, others to dance, others are born merely to be someone else. I was born to keep quiet. My only vocation is silence. It was my father who explained this to me: I have an inclination to remain speechless, a talent for perfecting silences. I've written that deliberately, silences in the plural. Yes, because there isn't one sole silence. Every silence contains music in a state of gestation.
When people saw me, quiet and withdrawn in my invisible sanctum, I wasn't being dumb. I was hard at it, busy in body and soul: I was weaving together the delicate threads out of which quiescence is made. I was a tuner of silences.
- 2021 5-stars africa
Tânia Dias
142 reviews7 followers
Daqueles livros que, logo nas primeiras páginas, se tornam favoritos da vida. Depois de "Terra Sonâmbula", a fasquia estava altíssima. Esperei sete meses para refrear as emoções e ainda consegui ser surpreendida com a história de Mwanito, fazedor de silêncios e responsável por este aperto que trago ao peito. Mia Couto consegue transportar-me para um outro universo onde as palavras são colo e abraço. "A vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado."
🤍
Rita Castro
64 reviews14 followers
A história é de uma criatividade genial! «Enterrar» é apenas um modo de dizer. Afinal, nunca há terra suficiente para enterrar uma mãe. “… nenhum medo é maior que aquele que sentimos da vida cheia, da vida vivida a todo o peito.”
A escrita é do mais profundo, poético e maravilhoso que se pode querer!
As personagens são completas, originais, dramáticas… ficamos apaixonados pelo Mwanito…
Gostei de tudo, tudo, tudo!
Leif
1,806 reviews104 followers
Though it loses steam narratively, the beauty of Couto's language should more than carry readers of this uprooted but dirt-buried family. Like any haunted story there is a horrific past, buried in the minds of those who do not wish to speak of it; there is a man become mad, a place gothically inscribed with the intricacies of secrets, ghosts, and history. More than that, however, there is the pause and explosion of creative language:Once again, it was Dona Dordalma, our absent mother, who was the cause of such strange behaviour. Instead of fading away into the distant past, she invaded the fissures of silence within night's recesses. And there was no way of putting the ghost to rest. Her mysterious death, without cause or visibility, had not stolen her from the world of the living.
But no mystery can be sustained by its words alone, though its fiction depends on them for life (as do we, the lie-tellers sometimes called narratologists, called humans). And something much like the truth will out, though what the value of that telling is remains ambiguous. In this story where graves resist their digging, the wind (itself deemed the movement of ghosts) filling them with dirt against the wish of the funeral goers, the exchange between presence and absence, the living and the dead, finds its true home in the presence of writing. Or, as one character writes in her journal:
--Father, has mother died?
--Four hundred times.
--What?
--I've told you, four hundred times: your mother died, every little bit of her, it's as if she was never alive.
--So where's she buried?
--She's buried everywhere, of course.
So maybe that was it: my father had emptied the world so as to be able to fill it with inventions. At first, we were bewitched by the flighty birds that emerged from his speech and curled upward like smoke.During my wait, I had learned to enjoy my yearning. I remember the verses of the poet, which go like this: 'I came into the world to feel yearning.' As if I could only populate my mind through absence. Following the example of those houses that can only speak to the senses when they are empty. Like this house where I now live.
Reading The Tuner of Silences is to tour this haunted house, a family's history, for a little while.
- the-best